sábado, 22 de dezembro de 2012

Uma luz mágica de Natal



Maria enxaguava as roupas finas, que havia recolhido manhã cedo às portas dos casarões da Villa, nas águas do Vizela. Apesar do frio de dezembro, gostava de sentir o toque da pele translúcida da corrente, assim que lhe mergulhava ambas as mãos. Era a véspera de Natal e, como tal, não se encontrava mais nenhuma das habituais clientes do rio, ali nas Portas da Cascalheira, mas ela não se podia dar ao luxo de faltar. 


Enquanto estendia as peças de roupa, lavada no rio com sabão azul, colocada a corar sobre a erva e a secar ao sol e ao vento, a lavadeira Maria pensava que talvez hoje as senhoras fossem um pouco mais generosas, assim que lhes estendesse as trouxas da roupa lavada e perfumada. Talvez conseguisse comprar um pouco de carvão e uns pedaços de pão, e dessa forma acender o humilde lar e cozinhar uns formigos para o seu menino.


Ainda que a vida até então lhe tenha sido madrasta, permanecia nos olhos cor de avelã de Maria - cor de mel quando vistos ao sol, escuros quando expostos à negra miséria - uma centelha que nunca a tinha deixado baixar os braços, que a fazia acreditar e caminhar mesmo que sob intempéries. 


Depois de entregue o último fardo de roupa, Maria correu à venda e, à justa, lá conseguiu comprar o carvão, os pedaços de pão de ontem e um pequeno pote de mel, prosseguindo a cantarolar com o cesto à cabeça pelos caminhos de regresso a casa, que ficava nos arrabaldes da Villa, povoado de quintas com típicas casas de lavoura, extensos terrenos lavradios, pomares, soutos e pequenas propriedades ladeadas por altos muros. 


Após arrumar as iguarias que havia comprado na venda, encontrou um par de meias ainda húmidas no fundo do cesto. Estranhou aquela presença, uma vez que tanto ela como as senhoras tinham verificado, peça a peça, par a par, cada uma das trouxas de roupa. Contudo, não se quedou demasiado em torno daquele mistério e foi pendurá-las na beira da chaminé, ao lado da imagem de São Nicolau, santo da sua veneração, para que ficassem enxutas.


A noite caiu com o menino a dormir sereno e consolado no colo da mãe, e o cintilar das estrelas do céu a deitar-se à janela da cozinha. A incandescência das últimas chamas do fogo do lar crepitava nos olhos de Maria, antes das pálpebras se fecharem e adormecer no sorriso encarnados aos lábios.


O dia nascia nos cristais de gelo a derreterem-se às folhas da japoneira plantada no quintal, e Maria despertava do profundo sono em que havia caído o seu corpo esgotado. O menino balançava-se, num vaivém balançado, no pequeno cavalo de madeira plasmado no centro da cozinha. E o retinir dos sinos fazia ressoar uma luz mágica de Natal. 

(Obrigado Eme)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Perder para se ganhar!

Ossur Total Knee 2000
"É difícil, da minha perspectiva actual, dizer se tomei a decisão certa em relação ao meu braço. Tendo em conta a funcionalidade limitada ao braço, a dor que senti e ainda sinto, e o que agora sei sobre o que condiciona a tomada de decisões, desconfio que não amputar o braço foi, numa análise de custo-benefício, um erro." (p. 254 O lado bom da irracionalidade, Dan Ariely)

Ouvir dos médicos a comunicação sobre a inevitabilidade da amputação da perna direita foi um choque. A sensação de perda é sempre um processo de difícil interiorização e aceitação, principalmente quando se trata de uma parte do nosso corpo, que até então julgamos imprescindível para uma plena vivência e felicidade. Naquele momento, o facto de ter sido alertado que, para viver teria de prescindir daquele membro, talvez tivesse sido a força luminosa que desbloqueou a resistência, levando à aceitação da perda do mesmo.
Alguns meses pós-cirurgia, numa consulta de Ortopedia, os médicos revelaram-me mais pormenorizadamente qual a solução inicial, caso a quimioterapia queimasse as células malignas. Consistia na remoção do osso e consequente colocação de platina, existindo o risco iminente de incidentes ou necessidade de substituição. Ou seja, haveria a possibilidade de ocorrer um número indeterminado de internamentos e cirurgias, interrompendo o rumo natural do dia a dia. 
Se já me sentia curado, ali senti a convicção plena de que a decisão tomada tinha sido a mais acertada, pois com o uso da prótese, não só tenho uma qualidade de vida excelente - algum acidente com a prótese, basta levá-la à oficina -, como sei da liberdade do ser feliz. 

Foi um perder para se ganhar!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

"A Escola é para vós!"




   (Serigrafia que me foi oferecida pela Profitecla - Guimarães)

Esta manhã o Sapato Novo calçou o Iluminado e rumou às instalações da Profitecla - Guimarães. Surpreendentemente, o auditório estava composto com mais de 100 pessoas, entre alunos, funcionários, formadores e elementos da direção, e, durante cerca de 90 minutos expus o meu testemunho de vida e tentei sensibilizar aqueles jovens para o desafio que é viver, sobretudo, na diferença. 
Senti a atenção e curiosidade nas expressões dos seus rostos, entreguei-me em cada palavra dita, em cada gesto, para que conseguissem captar as vibrações das emoções das minhas vivências e experiências.
No final, vários vieram ter comigo, demonstrando-me o afeto alegria dos seus sorrisos e no calor das suas saudações.
De referir ainda a oferta de uma extraordinária serigrafia. 

Muito obrigado. Bem hajam!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Amor-perfeito!



Há lugares que sempre co-habitaram a minha existência - lugares que sei estarem ali, lugares que visito mais ou menos vezes, consoante as circunstâncias. Um desses lugares-comuns é o monte de São Bento das Peras. Basta-me atravessar a soleira da porta, virar à direita e, logo ao terminar da parede da casa, eis-lo diante de mim, a ascender ao firmamento.

Desde sempre que me recordo de subir o monte, ora a pé, ora de carro, quer pelos carreiros lavrados entre os pinheiros e os eucaliptos, quer pelo asfalto das estradas.

Mas, há momentos do nosso ser, em que esses lugares-comuns, readquirem um novo significado, tomam o sentido com sentido. Desde os finais de 2011, o Santuário de São Bento das Peras elevou-se-nos na humilde simplicidade do existir e sentir os laços do destino desabotoarem-se, revelando-nos o abismo da beleza, aquela que não se questiona - aceita-se no beber da luz do silêncio.

Fazer esta magnânima descoberta na partilha do sentir amor, no abraço da plenitude, a cada oração, a cada regresso, a cada nova subida, é um permanecer sempre, como se leve intemporal sopro de brisa, como se um (e)terno (re)nascer a encarnar-se no desabotoar de um cravo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"O azul é o limite!"

Havia cerca de 15 anos, desde a última subida a pé ao monte de São Bento das Peras. Recordava os tempos da Catequese, com os passeios pelos carreiros do monte feitos em grupo sempre a subir, na rebeldia da infância/adolescência, nos avisos dos responsáveis, e a satisfação da chegada ao alto. Ontem, já o sol se havia deitado sobre a linha do horizonte e o céu era uma tela de azuis e laranjas, voltei a subir o monte, agora na incandescência íntima da tua voz do teu riso do teu silêncio. Chegado ao campo da bola, o rasgar de uma estrada de paralelo monte acima, a subir desalmadamente, sem lugar a paragens para recuperar o fôlego. A satisfação da chegada, junto da capelinha de São Bento, foi partilhada contigo, na cumplicidade que só nós dois sabemos e sentimos. O céu a coalhar de estrelas, os cravos vermelhos ao pé do altar e a paz da oração. Eis-nos, sempre.

sábado, 19 de maio de 2012

Le Havre



A essência nua do cinema. Um filme que é todo um poema!


Cansado da sua pouca sorte como escritor, Marcel Marx (André Wilms) deixa a sua vida para trás e parte com a mulher Arletty (Kati Outinen) para Le Havre, uma pequena cidade portuária da Normandia, França. Ali, num recomeço incomum, ele torna-se engraxador de sapatos, algo que faz alegremente e sem perder o optimismo nem a dignidade que lhe é característica. É então que conhece Idrissa (Blondin Miguel), uma criança africana refugiada, que planeia chegar a Londres, onde encontrará a família. Sem saber o que fazer àquela criança, decide levá-la consigo para casa e tornar-se seu protector. Porém, mesmo contra o cinismo da sociedade, dos problemas que acabam por surgir com a polícia e da doença que ameaça a vida de Arletty, ele não desiste da sua luta por um mundo melhor.
Realizado pela finlandês Aki Kaurismäki e estreado na última edição do festival de Cannes, onde foi aplaudido pelo público e pela crítica, "Le Havre" ganhou o Fipresci - Prémio da Crítica Internacional e o Prémio Louis Delluc, um dos mais prestigiantes galardões franceses. PÚBLICO

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Rostos"

A horizonte o sol despedia-se, derramando o laranja fogo ao azul céu. Na tenda da feira do livro, acontecia a conversa, no âmbito do projeto "EFaciler", entre a turma do 2º C (de nível secundário dos cursos EFA da Escola Secundária de Vizela) e o autor Helder Magalhães. Uma apresentação original e criativa desenvolvida, despida de formalidades, a cintilar ao lusco-fusco.
Aos professores Sónia Cunha (quiçá futura pivô) e Luís Vila, aos alunos César Silva, Daniela Sampaio, Zé Pedro Machado, Selma Lopes, António Cunha (e todos os outros) e a todos os presentes, quer na feira do livro, quer via rádio Vizela: fico-vos grato!


No ato de escrever percorro-me por dentro, como se o vermelho vivo a escorrer às veias fosse tinta ao aparo da caneta...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Ainda ontem" - Miguel Esteves Cardoso

A Alma em Casa

Voltámos para casa anteontem, nesse dia sagrado. Não há no mundo maior delícia do que a normalidade. Cada palavra da Maria João soa-me a música amada. Nos livros avisam que a remoção de tumores cancerosos do cérebro pode provocar alterações de personalidade. 
Eu tinha medo que ela deixasse de ser a Maria João que eu amo. Mais medo ainda tinha que ela deixasse de me amar. A primeira vez que a vi, poucas horas depois da cirurgia, no remanso dos cuidados intensivos, perguntei-lhe se ela me reconhecia. E ela recuou a cabeça ligada, fez uns olhos de surpresa repugnante e perguntou, com convencimento: "Mas quem é o senhor?" 
Nem sequer foi o sentido de humor a primeira coisa a regressar. Nunca se foi embora. A Maria João não recuperou: manteve-se. O milagre não lhe era exterior. O milagre é ela. Ela e todas as pessoas de quem ela gosta, que gostam dela. 
Eu bem que tento guardá-la como um segredo. Mas só estou bem, quando tenho a sorte de ouvi-la e a vê-la e a vivê-la. Escrever sobre ela é a coisa mais fácil que faço: é uma preguiça e um prazer, como se conseguisse enganar quem me lê. É virar as costas ao mundo, que vai tão mal. Mas que é um mundo que ainda contém a Maria João, a pessoa que eu amo, que ainda aceita o amor que lhe tenho. Que cresce, ao contrário do cabrão do cancro, previsivelmente, certamente, sem fazer mal; fazendo bem. 
Meu grande amor: seja de que maneira for, continua. Mesmo deixando de gostar de mim. Mas continua. Vive!

Miguel Esteves Cardoso, in Público, 06.05.12

Deixa estar

 

Ontem passámos o primeiro dia inteiro em casa. Num estado de namoro, de não acreditar na nossa sorte ou no nosso azar - mas de aceitá-lo com muitos obrigados - dormimos e acordámos juntos, como não temos feito nos últimos dias.

Depois do pequeno-almoçamos com o chá chinês e as torradas alentejanas e os queijos franceses dos últimos tempos. Namorámos e portámo-nos como fugitivos, exultando por conseguirmos estar sozinhos, longe dos hospitais e dos hotéis onde nos separaram, para nosso bem.

Depois almoçámos onde sempre almoçamos, comendo o que nos apetecia - logo no lugar onde tinha previsto, na véspera, o professor João Lobo Antunes, que almoçaríamos. No mais do que maravilhoso Neptuno. Não fosse ele um perito da Praia das Maçãs e da relação amistosa entre o sistema nervoso central e o peixe, que é óptima.

O dia-a-dia é milagre, como a vida. Ter a Maria João só para mim e ser para a Maria João só para ela é o mais que se pode pedir: até aceitar é difícil. O meu amor na minha vida. E o amor dela por mim na vida dela. E estes dois amores nas nossas vidas: que maior amor, nas nossas vidas, pode haver?

A Maria João deixa cair uma coisa. Como eu estou sempre a deixar. A coisa cai e parte-se. Sem deixar qualquer ausência ou importância. Diz ela: "Deixa estar".
 
É isso mesmo: deixemos estar. Estar já é bom. É morrer e não estar que não são.

Só resta o que é bom. A última coisa a ir-se é a primeiro que veio.

O amor é a vida: é mais. A vida é menos.
Miguel Esteves Cardoso, in Público, 07.05.12


É tão real este sentir incondicional no Amor. E eu digo-te: obrigado, meu amor.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

"People help the People"

Ajudar é estender a mão àquele que está na iminência de cair, a (re)tomar a sua caminhada. Como se um pássaro ferido tombasse do seu voo e o ajudássemos a curar as feridas, para novamente fazer o seu voo livre, em de vez cair na tentação de o manter aprisionado numa gaiola...


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Iluminado. O Renascer


Um ano após a edição de "Iluminado. O renascer", e várias apresentações onde a mensagem foi passando e eu fui crescendo com aprendizagem feita na partilha com cada pessoa, desafio os leitores a escreverem sobre o livro. Escrever é como um rio solitário a fluir no seu leito, a abraçar margens, a desaguar...

Obrigado!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Conto: Para ti, Papá!


Desde que chegara da escola, ainda não tinha manifestado algum tipo de expressão que lhe era habitual. Dava a impressão de estar absorto, entre aquelas mãos delicadas de menino, em que os dedos mergulhavam nos cabelos escuros, num qualquer outro universo que não fosse o seu quarto com as paredes forradas em tom azul céu.

Na cozinha, a mãe preparava o jantar com o avental desajeitado e um sorriso nos lábios ao recordar o peculiar episódio que ocorrera naquela manhã de Inverno, em que um desconhecido lhe havia oferecido um lugar sentado no comboio e lhe murmurara que ela era um anjo caído do céu.

Assim que o jantar ficou pronto, dirigiu-se ao quarto do seu menino e estranhou o silêncio que se fazia sentir à medida que ia atravessando o corredor. Lentamente, a mão rodou a maçaneta da porta e o olhar quedou-se sobre a nuvem de apatia que envolvia o pequeno João. Aproximou-se do filho e sentou-se no chão, mesmo ao seu lado. Afagou-lhe ternamente os cabelos e, num tom de voz maternal, beijou-lhe a face.

- O que te preocupa João?

- Oh! Mamã o que faz o Papá?

Aquela pergunta, feita de forma tão pura e inocente, assim de surpresa, trespassou-lhe por completo o ventre e o peito, e aos olhos as lágrimas prontamente deslizaram como as águas cristalinas ao leito do rio. Após um breve momento que pareceu prolongar-se pela eternidade, inspirou bem profundo e, como se os ponteiros do tempo tivessem regressado ao passado, expirou um longo suspiro, em carne viva, apertando com toda a força que possuía o franzino corpo do seu filho contra o seu.



Raquel sabia que aquele momento aconteceria, e também sabia que chegaria de uma forma inesperada, como um trovão que irrompe o silêncio da noite. Engoliu o vazio em seco, enxugou o mar que lhe banhava a face e abraçou a pequena mão do filho à sua.

- Vem com a Mamã, João!

O pequeno João olhou a mãe em silêncio e seguiu-lhe os passos. Abandonaram o quarto, passaram o corredor e seguiram pela cozinha até chegarem ao pequeno jardim que habitava a frente da casa. Os olhares de ambos registaram a fotografia da lua cheia cor de laranja durante uma fracção de segundos que se eternizou no negrume do céu. Raquel agachou-se, envolveu o corpo de João com os seus braços e, em tom de confidência, sussurrou-lhe ao ouvido:

- O papá trabalha ali, na lua. Tenho a certeza que ele nos está a ver neste preciso momento e ficaria muito feliz se lhe oferecesses o teu sorriso.

Um sopro morno de vento afagou os cabelos escuros do João e à sua pequena boca nasceu um sorriso capaz de abarcar o infinito.

- Para ti, Papá! – disse com a sua voz ingénua de menino e foi abraçar a mãe.

Morreste-me de José Luís Peixoto



Foi o primeiro livro que li de José Luís Peixoto. Li-o na Fnac Santa Catarina, enquanto esperava pelo comboio, num final de tarde de sábado. Uma leitura vertiginosa. No final, dirigi-me à caixa, porque aquele livro pertencia-me agora.

Pai é para sempre!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cancro do colo do útero

No "Dia Internacional da Mulher", eis a excelente novidade de que já é possível realizar o teste do cancro do colo do útero em casa - o segundo tipo de cancro que mais atinge as mulheres de todo o mundo.

É lançado hoje no mercado o primeiro teste de auto colheita para a deteção precoce do vírus do papiloma humano (HPV). A mulher pode recolher a amostra num espaço onde se sinta confortável, enviando-a depois para o laboratório.(aqui)

KONY 2012 - LET'S MAKE HIM FAMOUS




KONY 2012 is a film and campaign by Invisible Children that aims to make Joseph Kony famous, not to celebrate him, but to raise support for his arrest and set a precedent for international justice.

Há realidades que estão demasiado longes de nós e, por isso, tendem a não sensibilizar a nossa ação/reação. Até ontem era um dos 99% da população mundial que desconhecia Joseph Kony, apesar de ter conhecimento dos sucessivos genocídios que há vários anos se praticam no Sudão. Este documentário assenta na força de uma ideia que pode e quer fazer a diferença, neste caso uma diferença que envolve o futuro de milhões de crianças...

NOTHING IS MORE POWERFUL THAN AN IDEIA WHOSE TIME AS COME

Sam Childers / Machine Gun Preacher


Sam Childers (born 1962) is a former gang biker who now dedicates his life and resources to rescue children in the war zone of South Sudan. Childers and his wife Lynn founded and operate Angels of East Africa, the Children's Village Orphanage in Nimule, Sudan, where they currently have more than 300 children in their care.

sábado, 3 de março de 2012

"Artigo 21.º | Queria de ti um país"



Queria de ti um país

queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma

Mário Cesariny

Música de Rodrigo Leão
Fotografia de Rui Borges

Landus Anderson



Landus Anderson nasceu com uma paralisia congénita do plexo braquial, que se traduz na paralisia dos principais nervos do seu braço direito - isto significa que Landus não controla os dedos da sua mão direita.

Atualmente, este jovem de 16 anos é a estrela da equipa de basquetebol do liceu Florida High, em Tallahassee. Tratando-se de um desporto jogado com as mãos, é um feito fazê-lo com o recurso praticamente a uma só mão.

O treinador, Al Blizzard, não poupa elogios a Landus, dizendo que é imparável, vaticinando-lhe um risonho futuro no basquetebol, desde que não haja preconceitos relativamente à sua paralisia.

É hábito, perante qualquer género de limitação, a sociedade exclamar "coitadinho!". No entanto, há um ser humano com personalidade própria e um sem fim de qualidades e capacidades, para além da simples deficiência. Louvo quem tem a sensibilidade de ver além e espero que tanto o Landus, como todos os outros, não sejam impedidos de sonhar, sendo-lhes dadas as oportunidades de vencer. Nada mais se exige, apenas essa liberdade - "I just wanna play..."


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

sonhar além




Há na ressonância do dedilhar de uma guitarra
o choro de uma criança a caminho da escola em jejum
depois de lavar e limpar e deitar a mãe vinda da noite a sangrar.
No olhar leva o sonho de construir uma máquina de pipocas e algodão doce
para os meninos vindouros poderem abraçar a magia de sonhar
sem precisarem de percorrer os caminhos do nenhum
no elevar da voz mais além do canto da cigarra.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo



Mais do que meros pormenores técnicos - que são necessários, diga-se - o cinema deve proporcionar a magia aos espectadores, a simples arte de encantar e fascinar, permitindo o adentrar na viagem ao mundo dos sonhos.
A Invenção de Hugo, de Martin Scorcese, leva-nos a esse universo próprio e singular do cinema, numa aventura também ela feita sobre particularidades do cinema.
Hugo Cabret, um rapaz órfão de 12 anos, que vive no interior das paredes da Gare de Montparnasse revela-nos esse mistério do acreditar na profunda doçura do seu olhar azul...

"Logo depois que o meu pai morreu comecei a vir muito aqui. Imaginava que o mundo inteiro era uma grande máquina. As máquinas nunca vem com peças sobressalentes. Vem sempre com a quantidade certa que precisam. Então entendi que se o mundo fosse uma grande máquina... eu não poderia ser uma peça sobressalente. Eu tinha que estar aqui por alguma razão. Então você também está aqui por uma razão."   

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Acreditar anuncia construção de casa de acolhimento no Porto"


Um dia após o Dia Internacional da Criança com Cancro, a notícia de que a Acreditar, Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, anuncia a construção da quarta Casa de Acolhimento, a primeira na cidade do Porto.

Uma casa que, segundo os últimos dados, poderá receber entre 200 a 300 inscrições anuais de crianças e jovens em tratamento ambulatório e as suas famílias.

Tal como afirma a diretora-geral da Acreditar, Margarida Cruz, está é uma excelente notícia, pois esta realidade será uma preciosa ajuda para quem convive com o caos desta doença, tantas vezes sem qualquer apoio do estado social.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dia Internacional da Criança com Cancro

Hoje, dia 15 de fevereiro, assinala-se o Dia Internacional da Criança com Cancro, promovido a nível mundial pela Confederação Internacional de Organizações de Pais de Crianças com Cancro (ICCCPO) e pela Sociedade Internacional de Pediatria Oncológica (SIOP). (aqui)


Aquando da minha passagem pelo Instituto Português de Oncologia - IPO Porto -, mais do que o próprio sofrimento provocado pelos tratamentos e subsequentes efeitos da quimioterapia, causava-me imensa dor cruzar-me com os pequenos - apenas de estatura física - seres humanos ali internados. Em silêncio, questionava-me como era possível tamanha crueldade, mas dizia para mim mesmo ao desabrochar daqueles sorrisos puros: verdadeiros heróis, apesar da evidente fragilidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

"Aqui te amo" - Pablo Neruda




  • Poema "Aqui te Amo" de Pablo Neruda.
  • Música "I Want to Stay the Night"  de Chris Botti, Chet Baker, John Barry
  • Fotografia "Nocturno" de Paulo Gaspar Ferreira 
  • Gravação voz / vídeo de Helder Magalhães

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Amar!




Amar, nos dias que correm, mais parece ser uma ideia - preconcebida - do que um ato - na sua plena conceção. Fala-se e escreve-se sobre o amor em demasia, tanto que se fica sem tempo para o viver.
A mediocridade do amar está de tal forma entranhada na sociedade, que a generalidade das pessoas estranha sobremaneira um simples dar de mãos ou a entrega de duas pessoas num abraço.
Todavia, há ainda quem deixe o amor acontecer, vivendo a intensidade e surpresa do lugar em cada momento, e quem se deixe contagiar pelo observar desse natural e encantador fluir.
 
 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Companhia Integrada Multidisciplinar


O Guidance -Festival de Dança Contemporânea recebe, quarta-feira, a estreia de “O Nada”, uma criação da Companhia Integrada Multidisciplinar e co-produção de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012. O espectáculo, que articula dança, poesia e som, encerra uma trilogia sobre o tempo.

Através de uma metáfora visual de uma obra arquitectónica, a passagem do tempo é representada, nestes três espectáculos, por diversas etapas: A “viagem no tempo” começa n’"O Aqui", o rés-do-chão, onde é feita uma reflexão em torno do presente. O "Depois", é a descida até à cave, onde se descobre as “entranhas” do indivíduo e um mundo mais obscuro.

"O Nada" é a subida até ao terraço e a expressão do desejo de ascensão. Em "O Nada" o percurso chega ao fim e a obscuridade é rasgada dando lugar a um fôlego de leveza. O tempo é suspenso. O desejo de alcance dos sonhos é evidente. Nesta criação, o imaterial é explorado deixando que os espaços tomem o lugar das acções e das palavras. O espaço cénico está repleto de “nada” através de um conjunto de elementos alusivos à ausência de materialidade.

Uma companhia a favor da integração
A companhia é constituída por intérpretes e bailarinos com e sem deficiência e, por isso, é sugerido um olhar diferente sobre o tempo, que pode ser medido através de situações do dia-a-dia e das barreiras enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais. “Barreiras como o tempo de levar um copo à boca ou de atar os atacadores dos sapatos”, explica o director artístico Pedro Sena Nunes.

São 50 minutos de reflexão sobre o nada e o vazio presentes também na sociedade actual. O espectáculo é levado ao palco com a direcção artística da coreógrafa Ana Rita Barata e do realizador Pedro Sena Nunes, no Centro Cultural Vila Flor às 22h00. Os bilhetes custam 10€ (ou 7,5€ com desconto).

A Companhia Integrada Multidisciplinar nasceu há cinco anos com o objectivo de integrar na sociedade, e na vida artística, pessoas com necessidades especiais. Desengane-se quem pensa que a deficiência é uma barreira à expressão corporal, garantem os membros da companhia.

Durante a apresentação, todos os obstáculos são esquecidos e o preconceito colocado de parte, cada intérprete dá o que de melhor tem. “Há qualquer coisa nos gestos que os torna diferentes, fascinantes”. Quem o diz é Pedro Sena Nunes. Através da arte, o público é sensibilizado para a reflexão e desmistificação de preconceitos. “Entender a deficiência como eficiência” é um dos “lemas” da companhia, afirma o director artístico.(aqui)




Porque acredito que a integração é o caminho a percorrer, a ponte a estabelecer, para a sociedade SER.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Mark Herzlich

Da hipótese de nem sequer voltar a correr, para o SuperBowl


O linebacker dos New York Giants irá disputar amanhã o mítico Superbowl, cerca de dois anos após ter-lhe sido diagnosticado um cancro - Sarcoma de Ewing. Esta doença colocava não só em risco a carreira de Mark Herzlich, às portas do Draft para a NFL, como também a própria vida, uma vez que, quando diagnosticado tardiamente, este tipo de tumor apresenta uma taxa de sobrevivência pouco superior a 25%. 
Felizmente para Mark, foi detetado numa fase inicial em maio de 2009, em que os médicos colocaram a hipótese de ele não poder sequer voltar a andar, e em setembro do mesmo ano era feita a comunicação da remissão do cancro.
Mark não deixou de acreditar que voltaria a correr e, mesmo durante os tratamentos de quimioterapia, fazia o seu treino físico, pois mantinha dentro dele a convicção de que voltaria a jogar futebol americano.

Independentemente do resultado da final de amanhã, Mark é já um vencedor...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Testemunhos

"Testemunhos de três mulheres com três olhares positivos, na véspera do Dia Mundial da Luta contra o Cancro."



"Deu-me oportunidade de olhar para mim própria..." (Cristina Ferreira da Silva)




"A outra Alexandra não existe..." (Alexandra Silva)




"Hoje em dia o meu tempo é perfeitamente selecionado com as pessoas com quem gosto de estar e as coisas que gosto de fazer..."

"Juntos é possível" - Dia Mundial Contra o Cancro 2012


A comemoração dia Dia Mundial Contra o Cancro tem por base a Carta de Paris, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio. Esta Carta apela a uma aliança entre investigadores, profissionais de saúde, doentes, governos e parceiros da indústria no âmbito da prevenção e tratamento do cancro, uma vez que, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, se trata de uma das principais causas de morte no mundo e estima-se que será responsável por 84 milhões de mortes entre 2008 e 2015.

"Em 2012 a data é celebrada sob o lema "juntos é possível", isto porque apenas se cada um (organizações, governos, indivíduo) fizer a sua parte será possível reduzir em 25%, até 2025, mortes prematuras de cancro e outras doenças não transmissíveis no mundo." 

Fontes: 
Alto Comissariado da Saúde
Portal da Saúde