terça-feira, 9 de outubro de 2012

Perder para se ganhar!

Ossur Total Knee 2000
"É difícil, da minha perspectiva actual, dizer se tomei a decisão certa em relação ao meu braço. Tendo em conta a funcionalidade limitada ao braço, a dor que senti e ainda sinto, e o que agora sei sobre o que condiciona a tomada de decisões, desconfio que não amputar o braço foi, numa análise de custo-benefício, um erro." (p. 254 O lado bom da irracionalidade, Dan Ariely)

Ouvir dos médicos a comunicação sobre a inevitabilidade da amputação da perna direita foi um choque. A sensação de perda é sempre um processo de difícil interiorização e aceitação, principalmente quando se trata de uma parte do nosso corpo, que até então julgamos imprescindível para uma plena vivência e felicidade. Naquele momento, o facto de ter sido alertado que, para viver teria de prescindir daquele membro, talvez tivesse sido a força luminosa que desbloqueou a resistência, levando à aceitação da perda do mesmo.
Alguns meses pós-cirurgia, numa consulta de Ortopedia, os médicos revelaram-me mais pormenorizadamente qual a solução inicial, caso a quimioterapia queimasse as células malignas. Consistia na remoção do osso e consequente colocação de platina, existindo o risco iminente de incidentes ou necessidade de substituição. Ou seja, haveria a possibilidade de ocorrer um número indeterminado de internamentos e cirurgias, interrompendo o rumo natural do dia a dia. 
Se já me sentia curado, ali senti a convicção plena de que a decisão tomada tinha sido a mais acertada, pois com o uso da prótese, não só tenho uma qualidade de vida excelente - algum acidente com a prótese, basta levá-la à oficina -, como sei da liberdade do ser feliz. 

Foi um perder para se ganhar!