segunda-feira, 16 de julho de 2012

Amor-perfeito!



Há lugares que sempre co-habitaram a minha existência - lugares que sei estarem ali, lugares que visito mais ou menos vezes, consoante as circunstâncias. Um desses lugares-comuns é o monte de São Bento das Peras. Basta-me atravessar a soleira da porta, virar à direita e, logo ao terminar da parede da casa, eis-lo diante de mim, a ascender ao firmamento.

Desde sempre que me recordo de subir o monte, ora a pé, ora de carro, quer pelos carreiros lavrados entre os pinheiros e os eucaliptos, quer pelo asfalto das estradas.

Mas, há momentos do nosso ser, em que esses lugares-comuns, readquirem um novo significado, tomam o sentido com sentido. Desde os finais de 2011, o Santuário de São Bento das Peras elevou-se-nos na humilde simplicidade do existir e sentir os laços do destino desabotoarem-se, revelando-nos o abismo da beleza, aquela que não se questiona - aceita-se no beber da luz do silêncio.

Fazer esta magnânima descoberta na partilha do sentir amor, no abraço da plenitude, a cada oração, a cada regresso, a cada nova subida, é um permanecer sempre, como se leve intemporal sopro de brisa, como se um (e)terno (re)nascer a encarnar-se no desabotoar de um cravo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"O azul é o limite!"

Havia cerca de 15 anos, desde a última subida a pé ao monte de São Bento das Peras. Recordava os tempos da Catequese, com os passeios pelos carreiros do monte feitos em grupo sempre a subir, na rebeldia da infância/adolescência, nos avisos dos responsáveis, e a satisfação da chegada ao alto. Ontem, já o sol se havia deitado sobre a linha do horizonte e o céu era uma tela de azuis e laranjas, voltei a subir o monte, agora na incandescência íntima da tua voz do teu riso do teu silêncio. Chegado ao campo da bola, o rasgar de uma estrada de paralelo monte acima, a subir desalmadamente, sem lugar a paragens para recuperar o fôlego. A satisfação da chegada, junto da capelinha de São Bento, foi partilhada contigo, na cumplicidade que só nós dois sabemos e sentimos. O céu a coalhar de estrelas, os cravos vermelhos ao pé do altar e a paz da oração. Eis-nos, sempre.